quarta-feira, 6 de junho de 2012

...ainda e sempre, a Morte.


Porque é que a morte não me larga? O que é que ela me quer, raios? ...ensinar-me que não sou ninguém mas ao mesmo tempo que tenho de me respeitar mais, sob pena de irem morrendo por inacção minha os seres que mais amo?
Porque é que me deixei convencer? Porque é que a deixei ir, apesar de sentir que não devia? Sem sofrimento, sem doença aparente, sem qualquer preparação ou pré-aviso... Sobram demasiadas memórias pela casa, a impotência do que já se fez e não tem retorno, a inocência e devoção com que estes bichos acreditam em mim para os proteger. E eu a falhar-lhes, como em tudo.
Já não tenho forças para arrepiar a pulso todo o caminho que não fiz e tornar-me o que devia ter sido. Não parece sequer possível. E no entanto a vida anda nisto, a rebentar comigo para cima e para baixo, como se me quisesse fazer uma massagem cardíaca extrema para me acordar do meu torpor desalentado... e eu gostava que funcionasse, a tal massagem, mas já devo estar tipo cadáver a observar de fora as voltas da minha existência e a pensar incrédula "porquê? para quê tudo isto? ...eu podia tê-la ajudado, se tivesse sido o que não fui. Mas não fui, não sou... então porquê insistir nessa ideia? Para quê continuar a confrontar-me com desafios que não posso vencer? Porque é que não desistes simplesmente de mim e páras de fazer sofrer tudo e todos com as minhas falhas?"
E dito isto, o cadáver que sou regressa ao seu buraco-túmulo, até que um outro sonho qualquer o volte a puxar para cima, só um pouquinho basta, para que a vida possa voltar a atropelá-lo com alguma emoção avassaladora, e a dizer-lhe "it isn't over yet". E infelizmente, é verdade.


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