segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Gosto de grão...

Os dias sucedem-se em catadupa; coisas acontecem como ondas, sem sentido outro que não o de acontecerem, nos solicitarem, nos forçarem a mão. "Não, não vais por aí..." murmuram-me ao ouvido com escárnio. Sinto-me imersa, impotente. Um esforço tremendo para não desistir. O Amor que me vai mantendo perto da superfície, que me vai ajudando a aceitar que a normalidade não existe e a loucura é um estado permanentemente passageiro. E de loucura em loucura resisto e continuo; e continuo; e continuo.

Depois há uma outra dimensão secreta onde me retiro e observo tudo isto, quando o meu coração não está demasiado imerso nos redemoínhos de água areia e espuma do meu quotidiano. Aí, dir-se-ia que o tempo parou. Estou só, mas sossegada. E consigo por vezes descortinar laivos de sentido na balbúrdia.

(...costumava até ver um sentido global, muito antes de conseguir observar as ondas que me embrulham, mas esse ecrã espelhado estilhaçou-se - desgraça providencial! - há bastante tempo...)

Nada de muito significativo. Nenhum desses "sentidos" que nos salvam, que nos indicam o caminho a seguir (renego as malditas ilusões e miragens!). Apenas pedaços de sentimentos que resistiram à loucura global e se mantêm presentes. Afastados, riscados, puídos, cheios de grão... mas continuam ali. E devem ser neste momento aquilo que mais me segura e reconforta.

Aprendi... a gostar desse grão.

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